“tudo são trechos”

•julho 6, 2013 • Deixe um comentário

É bom que os corpos estejam assim
Cansados
A ponto de só saberem
De si.

Incapaz de criticar objetos
Meu corpo se rende
A repercussão dos sentidos:
Corpo que não me dá
Ouvidos.

Um corpo
Que não retenha nada
Que descanse ideias
E não interfira.

Corpo minério:
Amanheça, anoiteça
E que depois nada aconteça.

Corpo que não reivindique,
Que não se identifique.
Corpo pra doar.

Que o amor nele não dure: que doa
Que seja pra queimar.

Um corpo à margem:
Que não conheça amanhã
Sua ocupação hoje.

Corpo que ocupo
E que depois deixo:
Tudo são trechos.

O que sinto que sei
É o que sei do que sinto.
Fora isto, minto.

Corpo-enredo
Nunca me revele seu medo:

Só sei ser em segredo.